terça-feira, 10 de maio de 2011

Sonhando ao som de Sinatra

“I've loved, I've laughed and cried,

I've had my fill, my share of losing
And now as tears subside
I find it all so amusing”
[1]

John Lennon, o beatle inteligente, nasceu no dia 09 de outubro de 1940. Dizem que ele nasceu em meio a um bombardeio dos alemães em Liverpool, norte da Inglaterra. Essa informação seria primordial se eu estivesse escrevendo uma biografia rápida sobre a vida do beatle... Mas, infelizmente, não estamos.

A razão que leva essa ilustre persona a aparecer por aqui, é que alguém que o admira muito e o tem como uma inspiração para sua vida, nasceu exatos 51 anos depois, em 9 de outubro de 1991. Sim, sou eu! Nasci à meia hora do dia, bem pesadinha, tendo retardado ao máximo o momento do meu nascimento. Mas, é claro, a história não é tão simples assim.

Eu vim de duas famílias consideravelmente distintas entre si. Minha avó paterna era uma catarinense de gênio forte, que viveu muito e de maneira brava. Ela adorava contar-me sobre as histórias de seus pais, sobretudo de sua mãe, que defendia a família com unhas e dentes. Já a minha avó materna foi uma professora admirada e amada por todos; um misto de força e doçura, raramente encontradas em alguém. Depois que essa minha última avó faleceu, é que eu fui compreendê-la de todo. Vovó Italita era uma sonhadora, adorava ler romances. Quando eu era bem nova, costumava passar muito tempo em sua casa. Eu adorava quando, à noite, ela pegava o livro de contos de fadas e lia pra mim, sempre dramatizando e explicando, com uma calma que só mesmo uma professora que já é avó, poderia ter. Ao chegar à adolescência eu adotei para mim um hábito dela: a leitura de romances. Passei a sonhar em ter uma vida parecida com a das heroínas dos livros que nós líamos: independentes e felizes para sempre.

Depois que vovó Italita faleceu de forma dolorosa, após ter lutado contra o câncer durantes dois anos, é que eu compreendi que ler romances era uma forma de escapar da realidade em que ela vivia: um casamento infeliz e sem amor. Ela buscava nos livros, o que não tinha na vida real.

Um pouco desse comportamento, acabou por se refletir em mim, embora eu acredite que tenha nascido uma sonhadora nata. A partir do momento que eu perdi minha avó materna, eu passei a dar mais valor à vida, a vivê-la de forma intensa. Isso leva minha mãe a dizer muitas vezes que eu vivo em um mundo a parte. Talvez seja isso mesmo.

Essa menina sonhadora nasceu em Caxias do Sul, e ali vive desde então.

É óbvio que as leituras de vovó Italita para mim dariam frutos. Meu pai conta que, aos três anos de idade, eu pegava livros infantis, e de tanto ouvir aquelas histórias, eu acabava decorando-as e fingindo que as lia, repetindo as mesmas palavras que o livro trazia e geralmente assombrando quem presenciava a cena e não sabia que eu decorara a história. Quando entrei na escola, aprendi logo a ler, e tornei-me freqüentadora assídua da biblioteca. Desde então, esse lugar transformou-se em um dos meus preferidos, como se em meio aos livros, eu me sentisse mais próxima de mim mesma e dos personagens que me encantam, e até mesmo irritam de vez em quando.

Assim eu vivi meus anos escolares, e quando chegou a hora de escolher um curso na faculdade, a escolha pareceu-me óbvia. Eu me dei conta de que tudo o que eu queria era ser como a minha avó, fazendo com que as pessoas se apaixonassem pelo mundo da leitura, da mesma forma que ela fez comigo e com boa parte de seus alunos.

E assim, optei pelo Curso de Letras, e cá estou eu, falando sobre a minha vida, ouvindo cançõ estou eu, falando sobre a minha vida, ouvindo cançundo da leitura, da mesma forma que ela fez comigo e com boa parte de seus aes de Frank Sinatra, que eu poderia, com toda certeza, considerar como sendo a trilha sonora da minha vida. É claro que vivi momentos bons e maus. Tenho ótimos amigos, uma família maravilhosa... Mas, acontece que eu acabei idealizando, de alguma maneira, a minha vida. É como se eu vivesse em um filme como "Cantando na Chuva", um musical onde todos são felizes, dançam na rua e começam a cantar de uma hora para outra:

"What a glorious feeling
I'm happy again
I'm laughing at clouds
So dark up above
The sun's in my heart
And I'm ready for love"[2]

Vivo dessa maneira, feliz ouvindo meus discos de vinil, com meus livros e filmes, e pessoas queridas. Vivo feliz.



[1]Eu amei, eu ri e chorei
Tive minhas falhas, minha parte de derrotas
E agora enquanto as lágrimas descem
Eu acho tudo tão divertido”.

(“My way”, Canção de Frank Sinatra)

[2]Que sentimento glorioso
Estou feliz novamente
Estou sorrindo das nuvens,
tão escuras lá em acima
O sol está em meu coração
E estou pronto para o amor”

(Canção do filme “Cantando na chuva”, de 1952).

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Ministério da Saúde adverte: Assistir filmes com Sophia Loren faz você ficar com vontade de arrancar uma costela ou duas.




Pois é, eu tenho uma mania terrível: não consigo passar na frente de uma prateleira de dvds, sem parar meia hora pra procurar algo. E o que é pior, eu sempre acho.
Foi o caso de O Escândalo da Princesa, ou, em bom português, A Breath of Scandal. A marota aqui estava no Centro a trabalho, e não pôde evitar parar no sebo. Estaquei ali, é claro. Entre uma e outra pérola, vislumbrei o rosto inconfundível de Sophia Loren. Nem pensei muito. Por míseros sete reais, levei o dvd pra casa. Ok, e tempo pra assistir? Com uma pilha de filmes alugados, baixados, roubados no meu quarto me esperando, o que eu posso fazer? É o vício.
Bem, essa história toda deu-se há um mês atrás; somente nesse sábado que passou, eu pude assistir o bendito filme.

No começo, eu imaginei algo um tanto diferente. Sophia machona, dando uns tiros aqui e acolá. Mas, no momento em que John Gavin (lindo, meu Deus!) entrou em cena, eu peguei o espírito todo, e (pasmém!) me identifiquei com Olympia (a personagem de Sophia Loren). Ok, call me, Salomé!
Não vou entrar em explicações sobre isso. Só digo que amei o filme, e pude dar boas risadas (e suspiros, no caso de John Gavin), com ele. Os conselhos super sagazes da mãe de Olympia e o gênio único do pai, o Príncipe Philip (Maurice Chevalier)... Ótima indicação para um fim de semana descompromissado (não era o meu caso), engraçado e para corações derretidos igual ao meu.

Só uma coisinha é que ficou pendente no fim:

I wanna be Sophia Loren!